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Como Passar Fios em Conduítes: da NBR 5410 às Técnicas de Puxamento

722 2024-10-22 08:04:59

Como Passar Fios em Conduítes: da NBR 5410 às Técnicas de Puxamento

Saber como passar fios em conduítes não é apenas sobre ter força para puxar um cabo. É sobre técnica, planejamento meticuloso e um profundo respeito pelas normas que garantem a segurança e a eficiência de tudo o que virá depois. Um único cabo danificado pelo atrito, um conduíte sobrecarregado, uma curva mal planejada – esses são os detalhes ocultos que podem levar a falhas, superaquecimento e riscos graves no futuro.

Nas paredes de toda edificação, seja uma residência ou um complexo industrial, existe uma rede complexa e invisível que pulsa com a energia que alimenta nosso mundo. É o sistema circulatório da construção. E a tarefa de instalar esse sistema, de guiar os condutores elétricos por seus caminhos designados, é uma das artes mais cruciais e, muitas vezes, subestimadas da elétrica.

Nosso artigo vai te mostrar as melhores práticas profissionais, desde o planejamento estratégico ditado pela NBR 5410 até as ferramentas e técnicas de campo que separam uma instalação amadora de um trabalho de mestre.

 

Fase 1: O Planejamento Estratégico

 

Um puxamento de cabos bem-sucedido começa muito antes de se tocar no primeiro fio. Começa na prancheta e no conhecimento das normas.

 

O Momento Certo e a Limpeza do Terreno

 

A passagem dos fios deve ser uma das últimas etapas da obra civil. Os conduítes (eletrodutos) e as caixas de passagem devem estar completamente instalados, limpos e livres de detritos como cimento, gesso ou água. Tentar passar cabos em um duto sujo é a receita para danificar o isolamento e criar um enorme problema.

 

O Mapa do Caminho: Decifrando a NBR 5410

 

A norma ABNT NBR 5410 é a "bíblia" das instalações elétricas de baixa tensão. Para a passagem de cabos, ela estabelece duas regras de ouro:

A Regra da Taxa de Ocupação: Um erro comum é entupir um conduíte com o máximo de cabos possível. A norma é clara: a área total ocupada pelos cabos não deve ultrapassar 40% da área interna do eletroduto. Por quê?

Dissipação de Calor: Cabos em operação geram calor. O espaço livre é vital para que esse calor se dissipe, evitando o superaquecimento, o derretimento do isolamento e o risco de incêndio.

Manutenção Futura: O espaço livre permite futuras manutenções ou a passagem de novos cabos sem a necessidade de refazer toda a infraestrutura.

O Desafio das Curvas: A norma também orienta sobre o traçado. Para trechos retilíneos, o ideal é não ultrapassar 15 metros sem uma caixa de passagem. Para cada curva de 90°, essa distância máxima deve ser reduzida em 3 metros. Duas curvas de 90°? Seu trecho máximo cai para 9 metros. Isso ocorre porque cada curva aumenta exponencialmente o atrito e a força de tração necessária, elevando o risco de danos aos cabos.

 

A Escolha dos Condutores: Fio Sólido vs. Cabo Flexível

fio sólido e cabo flexivel

 

Embora ambos conduzam corrente da mesma forma para seções nominais iguais, na hora de passar no conduíte, o cabo flexível (formado por múltiplos filamentos finos) é imensamente superior. Sua maleabilidade facilita a passagem por curvas e reduz o atrito, tornando o trabalho mais rápido e seguro para a integridade do isolamento.

 

Fase 2: O Arsenal de Puxamento – Ferramentas e Materiais Essenciais

 

Força bruta não resolve um puxamento difícil. A técnica e as ferramentas certas, sim.

 

O Passa-Fio (Guia): O Desbravador do Caminho

Passador de Fios com Alma de Aco 20M Brasfort 7849
Passador de Fios com Alma de Aco 20M Brasfort 7849

 

É a ferramenta fundamental. Trata-se de uma guia flexível, porém firme, que é inserida no conduíte vazio para "pescar" os cabos na outra ponta.

Tipos Comuns:

Aço ("fita"): Muito resistente, ideal para trechos mais retos e longos.

Nylon ou Poliéster: Mais flexível, excelente para conduítes com muitas curvas.

Nylon com Alma de Aço: Combina a flexibilidade do nylon com a resistência à tração do aço, sendo uma opção muito versátil.

 

O Lubrificante para Cabos: O Segredo para Puxamentos Difíceis

lubrificante para puxamento de fios e cabos

 

Em trechos longos, com muitas curvas ou com alta taxa de ocupação, o atrito se torna um inimigo formidável. O lubrificante específico para cabos elétricos é a solução profissional.

Função: Ele cria uma película deslizante que reduz drasticamente o atrito entre os cabos e a parede do conduíte. Isso diminui a força de puxamento necessária em até 70%, protegendo o isolamento dos cabos contra rasgos e estiramento.

Importante: Nunca use detergente, vaselina ou óleos minerais! Esses produtos podem atacar quimicamente o PVC do isolamento dos cabos, causando ressecamento e rachaduras ao longo do tempo, o que compromete toda a segurança da instalação. Use sempre um lubrificante à base de água e quimicamente neutro.

 

Fase 3: A Execução Perfeita 

 

Com o planejamento feito e as ferramentas em mãos, a execução se torna um processo metódico.

Inspeção: Verifique se as pontas do conduíte estão lisas, sem rebarbas que possam "morder" os cabos.

Passagem do Guia: Insira o passa-fio de uma ponta do conduíte até que ele saia na outra.

Preparação dos Cabos (A "Cabeça"): Na ponta que será puxada, descasque cerca de 10cm de cada cabo. Junte todos, torcendo-os juntos e prendendo firmemente no olhal do passa-fio. escalone o corte das pontas para diminuir o diâmetro da "cabeça". Enrole tudo com fita isolante de boa qualidade, criando uma ponta cônica e lisa para facilitar a entrada no duto.

Lubrificação: Aplique o lubrificante na "cabeça" dos cabos e, se possível, também na entrada do conduíte.

Puxamento Coordenado: Este é um trabalho para duas pessoas. Uma pessoa puxa o guia de forma firme e constante, enquanto a outra alimenta os cabos na outra ponta, desembaraçando-os e garantindo que eles entrem no duto sem dobras. A comunicação é chave.

Deixe a Sobra: Ao final, deixe uma sobra de cabos de pelo menos 15-20 cm em cada caixa de passagem. Essa sobra é essencial para realizar as conexões nos terminais de tomadas e interruptores com folga e segurança.

 

Fase 4: A Verificação de Segurança

Megometro Digital Portatil 1000V AC/DC CAT.IV 600V 2G OHMS Fluke 1503
Megometro Digital Portatil 1000V AC/DC CAT.IV 600V 2G OHMS Fluke 1503

 

Após o esforço do puxamento, é vital garantir que nenhum cabo foi danificado.

Inspeção Visual: Verifique se o isolamento dos cabos não apresenta cortes, rasgos ou áreas "esmagadas" nas pontas.

Teste de Continuidade: Com um multímetro, verifique se não há interrupção no condutor de uma ponta à outra.

Teste de Isolação (com Megômetro): Em instalações industriais, comerciais ou em qualquer projeto de alta responsabilidade, o teste com megômetro é fundamental. Ele aplica uma alta tensão ao cabo para medir a resistência do seu isolamento, sendo capaz de detectar microdanos que um multímetro comum não consegue, prevenindo fugas de corrente e futuros curtos-circuitos.

 

FAQ: Dúvidas Comuns sobre Como passar Fios em Conduítes

 

1. O que fazer quando o passa-fio ou os cabos ficam presos no meio do conduíte? Primeiro, pare de forçar para não piorar a situação. Tente um movimento de "vai e vem" para soltar. Se não funcionar, tente aplicar mais lubrificante pela ponta de entrada. Em último caso, pode ser necessário localizar o ponto de obstrução (geralmente uma curva muito fechada ou um amassado no duto) e, infelizmente, quebrar a parede para acessar e corrigir o problema. É por isso que o planejamento é tão crucial.

2. Como passar cabos em um conduíte que já tem fios dentro? Use um dos fios existentes como guia. Amarre o novo cabo (ou um passa-fio) no fio antigo e puxe-o com cuidado. Lembre-se sempre de respeitar a taxa máxima de ocupação de 40%. Se o duto já estiver no limite, a única solução segura é passar um novo conduíte.

3. Para um trecho muito longo, existe outra técnica além do passa-fio? Sim. Uma técnica profissional para dutos limpos é usar um aspirador de pó potente em uma ponta para sugar uma "rabiola" (um pequeno pedaço de espuma ou plástico leve amarrado a uma linha de nylon fina) que foi inserida na outra ponta. Uma vez que a linha de nylon passou, ela é usada para puxar uma corda mais forte, que por sua vez puxará os cabos.

 

Conclusão: A Assinatura Silenciosa do Profissional

 

A qualidade de uma instalação elétrica não está apenas nos componentes que vemos, como tomadas e luminárias. Ela reside, em grande parte, na integridade da infraestrutura oculta nas paredes. Um puxamento de cabos bem-executado, que respeita as normas, utiliza as ferramentas corretas e aplica a técnica apurada, é a garantia de um sistema elétrico seguro, eficiente e durável.

É a assinatura silenciosa de um profissional que domina seu ofício em todos os detalhes, garantindo a tranquilidade e a segurança do seu cliente por muitos anos.

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